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Archive for 5 de janeiro de 2014

Saia da Inércia!

Posted by REPÚBLICA BANANA PEOPLE em janeiro 5, 2014

India 4

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As fotos que sobreviveram ao gelo

Posted by REPÚBLICA BANANA PEOPLE em janeiro 5, 2014

A descoberta na Antártida de 22 imagens inéditas da expedição de Shackleton, um século atrás, abre uma nova janela para a heroica era da exploração e convida a refletir sobre a fotografia polar

Uma das fotos do legado de Shackleton.

São só um punhado de velhas fotos esquecidas há um século, mas que emocionantes! Janelas para um tempo desvanecido de aventura e coragem, elas nos arrastam para o grandioso mundo da conquista polar e para as belezas e sevícias dos gelos. Reencontramo-nos nessas imagens com a épica das expedições históricas à Antártida, repletas de heroísmo, de incríveis padecimentos e de muito, muito frio. Elas mesmas, as fotos, experimentaram em sua pele de celuloide a mordida enregelante sofrida pelos exploradores no continente branco. Transformadas em uma maçaroca disforma e escurecida, elas esperavam a mão redentora do destino, assim como aconteceu com o malfadado grupo do capitão Scott dentro da sua derradeira tenda, no regresso da desastrosa viagem ao Polo Sul em 1912. As fotos tiveram melhor sorte: salvaram-se.

O recente achado dos 22 negativos em uma pequena caixa no quarto de revelação da cabana no cabo Evans, que foi a base principal da expedição de Scott em 1911, permite que nos debrucemos de novo sobre a época heroica da expedição polar e nos convida a refletir sobre o importante papel da fotografia naqueles episódios grandiosos em termos de personagens, façanhas e desastres.

Uma olhada superficial para as novas fotos poderia provocar certa desilusão – sobretudo se compararmos a descoberta com a anterior, de 11 garrafas de uísque, da expedição de Shackleton com o Nimrod –: um iceberg atrás do qual aparece terra, o mar e uma geleira, uma paisagem nevada, uma ilha gelada… Mas é impossível não se entregar em seguida à fascinação exercida por essas paisagens desoladas, emoldurados em preto e chamuscadas, manchadas e corroídas. Em uma das imagens, que mostra uma vista do estreito de MacMurdo a partir das montanhas transantárticas, a neve, o mar e o céu se mesclam indissoluvelmente em uma estampa de indecifrável mal estar. Arrepia ao mesmo tempo em que lança um sopro de gélida vitalidade sobre qualquer alma inquieta. Você fica sem saber se sai correndo ou começa a empurrar um trenó.

Em duas das fotos resgatadas após um complexo processo de restauração realizado pelo Antartic Heritage Trust – uma organização neozelandesa que se encarrega de conservar vários lugares históricos na região do mar de Ross – se reconhece Alexander Stevens (1886-1965), membro da Expedição Imperial Transantártica (1914-1917; sim, completa um século neste ano), a famosa expedição liderada por Ernst Shackleton com o propósito de atravessar o continente, e cujo fracasso deu lugar a essa que é considerada uma das mais extraordinárias aventuras de resistência, coragem e liderança da história das explorações. Stevens era o chefe científico da segunda das duas equipes em que Shackleton dividiu sua frustrada incursão à Antártida. A primeira, com 28 homens sob seu comando direto e a bordo do Endurance, foi a que ficou presa pelo gelo no mar de Weddell, enquanto a segunda, com 10 homens em outro navio, o Aurora, dirigiu-se ao mar do Ross para servir de apoio descarregando suprimentos no cabo Evans. Depois de o Endurance ficar espremido pelo gelo, Shackleton conseguiu, após inúmeras agruras (fazendo valer a máxima de outro explorador, Cherry-Garrad, de que a exploração polar é a pior forma de se dar mal que já foi inventada), conduzir a todos seus homens à salvação. Não teve a mesma sorte a equipe do Aurora, o que, para os críticos de Shackleton, é prova de que ele não foi tão bom líder, já que na verdade perdeu, sim, alguns de seus homens: morreram três, durante a viagem para estabelecer depósitos de provisões na rota que o grupo principal deveria seguir.

Os pioneiros polares eram personagens midiáticos e precisavam de imagens de suas proezas e sofrimentos

As fotos achadas agora no velho quarto escuro da base de Scott, reaproveitada por outras expedições, foram tiradas por um membro não identificado da equipe do Aurora e correspondem a essa aventura paralela à de Shackleton. Não possuem a extraordinária qualidade das fotos feitas pelo australiano Frank Hurley (1885-1962), o fotógrafo e cinegrafista oficial da expedição, que acompanhava o líder no Endurance. As imagens de Hurley são parte da grande iconografia polar. Claro que ele teve tempo para fazê-las, mas isso não tira o mérito, por exemplo, das estremecedoras e fantasmagóricas imagens que ele registrou do Endurance sendo progressivamente engolido em sua prisão de gelo. Era um sujeito de temperamento difícil – como tantos fotógrafos, sobretudo quando obrigados a se alimentarem com fígado de foca –, mas teve o arrojo de se lançar à água para recuperar várias de suas chapas e documentou aquela tremenda aventura branca.

Quando precisou abandonar o navio, Shackleton obrigou seus homens a carregarem só o indispensável – embora pior sorte tenha tido o gato, chamado Sra. Chippy (na verdade um macho), que foi sacrificado. Entre as poucas exceções estava Hussey, autorizado a levar seu banjo para animar uma viagem pela banquisa em que estavam previstas poucas distrações exceto contar morsas e feridas causadas pelo frio, e Hurley, que pôde carregar uma câmera, filme e uma seleção de 400 das suas chapas. Dessa maneira, foi capaz de realizar a imagem possivelmente mais emblemática da expedição: o grupo da ilha Elefante aclamando a partida do bote James Caird em busca de ajuda.

Os pioneiros polares já sabiam que eram personagens midiáticos, como diríamos hoje. Shackleton era muito ciente do valor das imagens, como também o eram Scott, Amundsen e Nansen. Este tirou pessoalmente extraordinárias fotos das expedições do Framm e se retratou de forma conspícua (e também concupiscente – as famosas fotos nu, já coroa, para sua jovem amante Brenda Ueland). Vejamos, como você vai explicar as tremendas desventuras em que se meteu se não mostrar paisagens estremecedoras (!) e se não lhe fizerem um retrato com a barba gelada e os olhos de louco? Na narrativa polar, e na construção da identidade do herói dos polos, as fotos eram um ponto. E muito convenientes para o livro e para ilustrar as conferências. Nansen chegou a posar para algumas em estúdio, e Amundsen, no jardim nevado da sua casa.

Na sua expedição de 1910-13, Scott levava o britânico Herbert Ponting (1870-1935), outro extraordinário fotógrafo como Hurley – e também como ele correspondente de guerra –, autor, por exemplo, da célebre imagem em que Scott é visto rodeado por oito de seus homens, todos eles irradiando confiança e resolução, puro “we can”; ou a tão linda do Terra Nova – o navio de Scott – visto através de uma gruta de gelo que parece a enorme boca de um peixe a ponto de devorá-lo. Ponting foi o primeiro fotógrafo profissional a pisar na Antártida, mas – felizmente para ele –Scott não o levou com o grupo de incursão ao Polo Sul. A tarefa de tirar fotos durante essa infausta viagem recaiu sobre um dos membros do grupo, Henry Bowers (incorporado na última hora, com câmera, mas sem esquis), e a ele devemos as terríveis imagens de Scott, Evans, Oates e Wilson derrotados junto à tenda e a bandeira da Noruega deixadas por Amundsen após ser o primeiro a chegar, ou do grupo posando de caras amarrada, nas quais é fácil ler que estão pensando coisas como “noruegueses f.d.p.”, “se soubesse eu não tinha vindo” e “baita viagem de volta nos espera”. Vemos tudo menos “cheeeeese”.

As fotos foram recuperadas junto ao corpo do Scott, quando a equipe de resgate, oito meses depois da sua morte, encontrou os cadáveres do líder, de Wilson e Bowers (Evans tinha morrido pelo caminho, e Oates ao ir embora heroicamente da tenda, calçando apenas meias finas: é uma pena que não tenham lhe tirado uma foto nesse bravo transe). As feitas por Bowers são certamente as fotos mais dramáticas da história da exploração polar, conhecendo o destino dos retratados e a maneira pela qual chegaram a nós.

Na equipe ganhadora, a de Roald Amundsen, a foto mais representativa, uma das mais significativas da história polar e a mais celebrada da Noruega, foi tirada por Olav Bjaaland, morador de Telemark. A tão famosa imagem mostra Amundsen, Hanssen, Hassel e Wisting, todos com a cabeça descoberta (a 23 graus abaixo de zero), olhando para a pequena tenda que levantaram, coroada com a bandeira de seu país. Ao redor, tudo é de uma brancura espessa, em que não se distingue nada. Poderiam estar a 90° de latitude Sul ou em qualquer outro lugar.

A foto tem sua história interessantíssima. De cara, os noruegueses não sabiam como fazê-la. Como você retrata para a posteridade a conquista de um lugar que é uma abstração geográfica, e onde não há absolutamente nada? Vá você se estrepar por 2.594 quilômetros durante 99 gélidos dias para não ter uma foto clara. “Lá em casa todo mundo esperava ver a foto do Polo Sul, o grande troféu, mas como tornar visível o invisível? Não havia nada para mostrar ali”, disse-me o estudioso da história das explorações Harald Ostgaard Lund, curador de uma grande exposição fotográfica sobre os heróis polares noruegueses, em Oslo, enquanto percorríamos a mostra. “Finalmente, conseguiram criar essa foto que está impressa na memória coletiva da Noruega. Transformar o Polo Sul em um lugar real. Em essência, todos os exploradores utilizaram a mesma ideia de um montículo, uma tenda e uma bandeira”.

A foto também esteve perdida durante muito tempo, até que apareceu na Biblioteca Nacional da Austrália, em um álbum de paisagens da Tasmânia! De fato, paradoxalmente, a prova fotográfica de que Amundsen e os seus tinham chegado ao Polo Sul não foi a foto do Bjaaland, e sim a tirada pelos britânicos perdedores… – http://brasil.elpais.com/brasil/2014/01/04/sociedad/1388867097_208652.html

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Morreu Eusébio

Posted by REPÚBLICA BANANA PEOPLE em janeiro 5, 2014

O ex-futebolista era conhecido simplesmente como Eusébio e é considerado um dos melhores de sempre. Tinha 71 anos.

Eusébio e os colegas de equipa da Selecção Nacional de Futebol recebidos em Lisboa após o Mundial de Futebol de 1966
Eusébio e os colegas de equipa da Selecção Nacional de Futebol recebidos em Lisboa após o Mundial de Futebol de 1966 -DR

O antigo jogador do Benfica, Eusébio da Silva Ferreira, de 71 anos, morreu na madrugada de hoje em Lisboa, pelas 4h30, vítima de paragem cardiorrespiratória. Eusébio já vinha dando sinais de saúde debilitada, tendo estado internado em junho de 2012 no Hospital da Luz, devido ao acidente vascular cerebral que sofreu na Polónia, quando estava em Poznan a acompanhar a seleção nacional, durante o Campeonato da Europa de futebol, e se sentiu mal. Eusébio da Silva Ferreira nasceu a 25 de janeiro de 1942 em Lourenço Marques (atual Maputo), em Moçambique.

De o “Os Brasileiros Futebol Clube” ao Benfica

O Benfica sagrou-se campeão europeu ainda sem Eusébio, mas foi o “Pantera Negra” que consolidou o estatuto do clube em plena década de 1960 e brilhou no terceiro lugar da seleção portuguesa no Mundial de futebol de 1966.

O “Pantera Negra”, alcunha que lhe foi atribuída pelo jornalista inglês Desmond Hackett, em alusão ao seu estilo felino a jogar, é uma figura incontornável do futebol e tem um estatuto que quase faz dele uma marca registada. O futebol nos pés de Eusébio começou ainda menino, quando aos 15 anos jogava no “Os Brasileiros Futebol Clube”, em Moçambique. Foi uma passagem curta na vida de Eusébio, que depois de não passar nos testes para o Desportivo de Lourenço Marques, filial do Benfica no seu país de origem, representou o Sporting de Lourenço Marques, onde se começou a distinguir.

As notícias que chegavam à “metrópole” davam conta das qualidades do jogador e o brasileiro Bauer “aconselhou” Eusébio a Bella Guttman, alertando o treinador para as qualidades daquele miúdo. A década de 1960 estava a despontar e Benfica e Sporting envolveram-se numa disputa pelos serviços do “Pantera Negra”: as “águias” comprometeram-se com a mãe de Eusébio, D. Elisa, e o Sporting com o clube. O processo demorou a clarificar-se e Eusébio, que chegou a Lisboa em dezembro de 1960 com o nome de código Ruth – tal a cobiça entre os “rivais” -, apenas viria a estrear-se pelo Benfica em maio de 1961.

Estreia-se na seleção em 1961

Foi o princípio de tudo: uma carreira ímpar, com sucessos, prestígio, lesões, notoriedade e um nome que se transformou numa verdadeira marca, fosse ao serviço do Benfica ou da seleção, com a qual se estrearia em 8 de outubro de 1961.

No Benfica – acabado de se sagrar campeão europeu -, Eusébio assumiu papel fundamental no último ano do treinador húngaro. As “águias” tinham acabado de alcançar o seu primeiro título europeu e já todos os consagrados (José Águas, Germano, Mário Coluna ou José Augusto) comentavam sobre quem sairia da equipa que derrotara o FC Barcelona (3-2) na final para Eusébio entrar. A rifa saiu a Santana. O reinado do argentino Alfredo di Stefano (Real Madrid), um dos ídolos do próprio Eusébio, estava perto do fim e uma nova estrela surgia nos relvados, rivalizando com jogadores como Pelé, Puskas, Bobby Charlton ou Beckenbauer, e mais tarde, Johan Cruyff. Explosão ou velocidade eram características normais em Eusébio, mas sob a sua chancela fica a excelência do remate: de qualquer ângulo, forte, colocado, em sucessivas imagens de corpo dobrado prestes a afligir os guarda-redes contrários.

Na final da Taça dos Campeões Europeus de 1962, o Real Madrid até esteve a vencer por 2-0, mas na noite dos pontapés de longe – mais de metade dos golos resultaram de remates de fora de área – Eusébio brilhou, pese embora o “hat-trick” de Puskas. A fama estava a caminho e o “Pantera Negra” fez não só parte de um Benfica qual águia imperial na década de 1960 – cinco finais dos Campeões Europeus, duas ganhas e três perdidas -, mas de uma seleção “gigante” no Mundial de 1966, em Inglaterra.

Leva Portugal ao terceiro lugar no Campeonato do Mundo

Na estreia de Portugal em campeonatos do Mundo, Eusébio foi um dos grandes responsáveis pelo terceiro lugar, ganhando o troféu destinado ao melhor marcador (nove golos) e sendo considerado por muitos o melhor futebolista da competição.

Na memória de todos ficaram os quartos de final com a Coreia do Norte, com Portugal a perder por 3-0 aos 25 minutos, naquele que Eusébio define como “o melhor jogo com a camisola da seleção e um dos melhores” da sua vida. “Sempre acreditei e disse ao Simões que íamos ganhar. Falei com o Coluna para aguentar a defesa e não sofrermos mais golos”. A partir dos 27 minutos, Eusébio arrancou para uma das melhores exibições individuais da história do futebol: virou o resultado com quatro golos (4-3) e José Augusto ainda fez o quinto para Portugal. Do primeiro Mundial de Portugal também permanece a imagem de Eusébio a chorar, depois de perder a meia-final frente à seleção da casa, a Inglaterra (2-1), numa carreira pela equipa das “quinas” em que disputou 64 jogos e marcou 41 golos.

Onze vezes campeão nacional

Com o Benfica, o “King”, nome que também passou a ser dado a Eusébio após a Puma ter criado umas botas de homenagem ao jogador, foi 11 vezes campeão nacional, ganhou cinco Taças de Portugal e foi campeão europeu (1961/62). Até há pouco tempo, e antes do surgimento de jogadores como Luís Figo ou Cristiano Ronaldo (outros nomes grandes de tempos mais recentes), o currículo de Eusébio não tinha rival à altura entre os jogadores portugueses. O “Pantera Negra” foi sete vezes o melhor marcador do campeonato português (1963/4, 1964/5, 1965/6, 1966/7, 1967/8, 1969/70 e 1972/73), duas vezes o melhor marcador europeu (1967/8 e 1972/73) e uma vez eleito melhor futebolista Europeu.

Salazar impede transferência

Na fase final da carreira passou por outros clubes (Rhode Island, Boston, Monterrey, Beira-Mar, Toronto Metros, Las Vegas, New Jersey Americans e União Tomar), mas a possibilidade de emigrar em pleno auge foi “vetada” no final da década de 1960. O Inter de Milão cobiçava-o e rezam as crónicas que oferecia três milhões de dólares (então cerca de 450.000 euros), mas o negócio nunca se chegaria a realizar: uns dizem que a Itália fechara as fronteiras a jogadores estrangeiros, outros que Salazar impediu a transferência. Além dos golos e jogadas de génio, a carreira de Eusébio foi também marcada pelos sacrifícios impostos pelas várias lesões sofridas, que o levaram sete vezes à sala de operações para intervenções cirúrgicas aos joelhos, seis das quais ao esquerdo.

Eusébio é um nome de referência no Benfica e era o “embaixador” da seleção portuguesa, mas a sua importância e mediatismo extravasou o mundo desportivo, tornando-o num autêntico símbolo. Recebeu várias distinções nacionais e estrangeiras ao longo da vida, entre elas os colares de Mérito Desportivo (1981) e de Honra ao Mérito Desportivo (1990), além da “Águia de Ouro”, o mais alto galardão do Benfica, em 1982. Do desporto às artes, viu a sua imagem inspirar cronistas, realizadores, bandas de música, escultores ou outros criativos.

Uma banda desenhada – “Eusébio, o Pantera Negra” (de Eugénio Silva) -, uma mini-série, da autoria de Manuel Arouca, uma estátua no Estádio da Luz e uma réplica em Boston, o nome de um avião da TAP e o nome de uma lontra no Oceanário são exemplos. Eusébio também se “transformou” em boneco no já extinto programa humorístico televisivo “Contrainformação”, onde tinha o nome de Deusébio. O antigo jogador tem também o nome em ruas de várias localidades, na galeria da fama em Manchester, em Inglaterra, ou as pegadas no cimento da calçada da fama do Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, em iniciativas que prolongam no tempo um futebolista de exceção. Rita Moura, da Agência Lusa – http://expresso.sapo.pt/morreu-eusebio=f848885

Três dias de luto nacional pela morte de Eusébio, o “Pantera Negra”

Três dias de luto nacional pela morte de Eusébio, o "Pantera Negra"Eusébio da Silva Ferreira, o melhor jogador da história do Benfica e uma lenda no futebol português, morreu na madrugada deste domingo em Lisboa, aos 71 anos. Governo decretou três dias de luto nacional.Uma paragem cardiorrespiratória, às 4.30 da madrugada deste domingo, pôs fim à vida de Eusébio da Silva Ferreira, aos 71 anos. O “Pantera Negra”, unanimemente considerado o melhor jogador da história do Benfica e uma das mais marcantes figuras da história do futebol e da seleção nacional, deixa para trás um palmarés e um legado de sucesso, que motivou a decisão do Governo em decretar três dias de luto nacional.

Nascido em Lourenço Marques, a 25 de Janeiro de 1942, no Bairro de Mafalala, agora Maputo, em Moçambique, Eusébio chegou ao Benfica com 18 anos, depois de os encarnados terem ganho a “disputa” com o Sporting. Na Luz, foi campeão europeu logo na primeira época, dando início a uma carreira ímpar de sucesso, na qual se destacam 11 campeonatos nacionais entre 1960 e 1975. Embora tenha passado todo o período áureo da carreira no Benfica, Eusébio não deixou de inscrever o seu nome entre os melhores da história do futebol mundial. Prova disso é que foi considerado o 9.º melhor do século XX numa votação promovida pela FIFA, à frente de nomes como Stanley Matthews, Bobby Charlton, Van Baston, Müller, Zico e Best.

Bola de Ouro em 1965, foi um ano depois que o seu nome brilhou mais alto no futebol mundial: Bota de Ouro no Mundial 1966, tendo guiado Portugal a um histórico terceiro lugar, com nove golos. Eusébio venceu duas Botas de Ouro europeias (1968 e 1973) e foi “vice” nas Bolas de Ouro de 1962 e 1966. Pelo Benfica, somou 476 golos em 445 partidas. No verão de 1975 deixou a Luz para percorrer a América, tendo passado por EUA, México e Canadá, com dois regressos a Portugal pelo meio, para representar Beira-Mar (1976/77) e União de Tomar (1977/78). Despediu-se dos relvados em 1980, mas continuou intimamente ligado à modalidade, como embaixador do Benfica e da seleção nacional. João Ruela – http://www.dn.pt/desporto/benfica/interior.aspx?content_id=3615395

Morreu o Pantera Negra

O antigo jogador do Benfica, Eusébio da Silva Ferreira, morreu na madrugada deste domingo (04h30), em Lisboa, aos 71 anos, vítima de paragem cardiorespiratória. (Em atualização)

O antigo jogador já vinha dando sinais de saúde debilitada, tendo estado internado em junho de 2012 no Hospital da Luz, na sequência de um acidente vascular cerebral (AVC), que sofreu na Polónia. Na altura, o ‘Panetra Negra’ estava em Poznan a acompanhar a Seleção Nacional durante o Campeonato da Europa de futebol, quando se sentiu mal e foi internado num hospital daquela cidade polaca, vindo a ser depois transferido para Lisboa.

O Governo decretou três dias de luto nacional pela morte de Eusébio, disse à agência Lusa uma fonte do gabinete do primeiro-ministro. chegou a 15 de dezembro de 1960, que se tornou uma estrela do futebol, ao serviço do melhor Benfica de sempre, dentro e fora das fronteiras. Em 313 jogos no campeonato ao serviço do Benfica, Eusébio marcou 319 golos, aos quais se juntam 97 na Taça de Portugal. Pelo Benfica, foi campeão europeu em 1961/62 e representou a Selecção em 64 ocasiões, tendo apontado 41 golos.

Eusébio foi eleito o melhor jogador da Europa em 1965 (Bola de Ouro), “coroando-se” um ano depois melhor marcador do Mundial de 1966, com nove golos. Ao ‘Pantera Negra’ só faltou conduzir Portugal ao título de campeão mundial nesse ano, ficando para a posterioridade as suas lágrimas no jogo em que a Inglaterra afastou os ‘Magriços’, que acabaram por ficar classificados no terceiro lugar.

Todo o empenho do jogador não impediu que a Inglaterra afastasse Portugal da final do Mundial de 1966. Ficaram famosas as lágrimas do ‘Pantera Negra’

A alcunha de ‘Pantera Negra’, que lhe foi atribuída pelo jornalista inglês Desmond Hackett, simbolizava bem o seu estilo felino a jogar. O futebol começou a ser uma arte nos pés de Eusébio aos 15 anos, quando jogava nos Brasileiros Futebol Clube, em Moçambique.

O INÍCIO

Depois de uma passagem curta por este clube, Eusébio prestou provas para o Desportivo de Lourenço Marques, mas não passou nos testes para ingressar na filial do Benfica em Moçambique, acabando por representar o Sporting de Lourenço Marques, onde se começou a distinguir. As notícias que chegavam a Lisboa davam conta das qualidades do jogador e o brasileiro Bauer ‘aconselhou’ Eusébio a Bella Guttman, alertando o treinador para as qualidades do jovem jogador moçambicano.

A década de 1960 estava a despontar e Benfica e Sporting envolveram-se numa disputa pela contratação de Eusébio. O processo demorou a clarificar-se, sendo que o jovem jogador acabou por chegar a Lisboa em dezembro de 1960 com o nome de código Ruth, vindo a estrear-se pelo Benfica em maio de 1961.

Vida de Eusébio ficou marcada pelos anos que passou ao serviço do Benfica

CARREIRA ÍMPAR

Foi o princípio de uma carreira ímpar, com sucessos, prestígio, lesões, notoriedade e um nome que se transformou numa verdadeira marca, fosse ao serviço do Benfica ou da Seleção, com a qual se estrearia em 08 de outubro de 1961.

No Benfica – acabado de se sagrar campeão europeu -, Eusébio assumiu um papel fundamental. Explosão e velocidade eram duas das suas características dentro do relvados, mas destacou-se também pela excelência do remate, de qualquer ângulo, forte, colocado, temido pelos guarda-redes contrários.

Eusébio fez parte de um Benfica imperial na década de 1960, com a participação em cinco finais dos Campeões Europeus, duas ganhas e três perdidas. E foi também um ‘gigante’ no Mundial de Seleções em 1966, disputada em Inglaterra.

Na estreia de Portugal em campeonatos do Mundo, Eusébio foi um dos grandes responsáveis pelo terceiro lugar alcançado pela equipa das quinas, ganhando o troféu destinado ao melhor marcador (nove golos) e sendo considerado por muitos o melhor futebolista da competição.

Eusébio marcou quatro dos cinco golos da famosa reviravolta frente à Coreia do Norte, no Mundial de 1966

Na memória de todos ficaram os quartos de final com a Coreia do Norte, com Portugal a perder por 0-3 aos 25 minutos, naquele que Eusébio define como “o melhor jogo com a camisola da Seleção e um dos melhores” da sua vida. A partir dos 27 minutos, o ‘Pantera Negra’ arrancou para uma das melhores exibições individuais da história do futebol e virou o resultado com quatro golos (4-3), com José Augusto a fazer o quinto golo para Portugal.

Do primeiro Mundial de Portugal, também permanece a imagem de Eusébio a chorar, depois de perder a meia-final frente à seleção da casa, a Inglaterra (1-2).

O ‘KING’ DO BENFICA

Com o Benfica, o ‘King’, nome que também passou a ser dado a Eusébio após a Puma ter criado umas botas de homenagem ao jogador, foi 11 vezes campeão nacional, ganhou cinco Taças de Portugal e foi campeão europeu (1961/62).

Ao longo da sua carreira, Eusébio foi sete vezes o melhor marcador do campeonato português (1963/4, 1964/5, 1965/6, 1966/7, 1967/8, 1969/70 e 1972/73), duas vezes o melhor marcador europeu (1967/8 e 1972/73) e uma vez eleito melhor futebolista Europeu.

Na fase final da sua carreira, que terminou em 1979, aos 37 anos, Eusébio passou por outros clubes, nomeadamente: Rhode Island Oceaneers (EUA), Boston Minutemen (EUA), Monterrey (Canadá), Beira-Mar, Toronto Metros-Croatia (Canadá), Las Vegas Quicksilvers (EUA), New Jersey Americans (EUA), União de Tomar e Buffalo Stallions (EUA), mas a possibilidade de emigrar no apogeu da sua carreira foi ‘vetada’ no final da década de 1960.

Juntamente com a fadista Amália Rodrigues, Eusébio foi um dos grandes símbolos do Portugal

COBIÇADO NO ESTRANGEIRO

O Inter de Milão cobiçava Eusébio e rezam as crónicas que oferecia três milhões de dólares (então cerca de 450.000 euros), mas o negócio nunca se chegaria a realizar. Entre as várias versões postas a circular para justificar esse impedimento, refere-se que Salazar impediu a transferência.

Além dos golos e jogadas de génio, a carreira de Eusébio foi também marcada pelos sacrifícios impostos pelas várias lesões sofridas, que o levaram sete vezes à sala de operações para intervenções cirúrgicas aos joelhos, seis das quais ao esquerdo.

Ao longo da sua vida, Eusébio recebeu várias distinções nacionais e estrangeiras, entre elas os colares de Mérito Desportivo (1981) e de Honra ao Mérito Desportivo (1990), além da “Águia de Ouro”, o mais alto galardão do Benfica, atribuído em 1982. Nas últimas décadas converteu-se num embaixador do Benfica e da Seleção Nacional.

HISTÓRIA DA CHEGADA AO BENFICA

Eusébio chegou a Lisboa a 15 de dezembro de 1960. Na altura, os bastidores do futebol do Benfica fervilhavam de actividade. Sem saberem, nem por estimativa, o que isso haveria de representar para o futuro do clube e até do desporto nacional, os dirigentes encarnados de então tomavam uma das decisões mais importantes, quiçá a mais importante, do historial da águia: “Contrate-se Eusébio. Ele que venha para Portugal. Já!”

Futebolista foi homenageado com uma estátua mesmo em frente do Estádio da Luz

Eusébio da Silva Ferreira tinha 17 anos e um talento fora do comum. Jogava no Sporting de Lourenço Marques, clube da capital de Moçambique, então território português. O Sporting, de cá, já sabia que estava ali, na filial, um diamante por lapidar. Mandou-o vir para a metrópole, por intermédio de Hilário, já jogador dos leões e amigo de infância de Eusébio. Um erro histórico: o jogador recusou vir para a Europa sem contrato assinado. À experiência, como foi sugerido, nem pensar. Órfão de pai desde tenra idade, foi a mãe, Elisa, que assumiu as despesas de criar oito filhos, três deles de um segundo casamento.

O Benfica percebeu que a chave do negócio passava pela figura tutelar da mãe de Eusébio. Dois emissários bateram à porta de Dona Elisa, no bairro pobre de Xipamanine, na Mafalala. Na mão levavam 250 contos (1250 euros) e isso foi o bastante para convencer uma mãe de oito bocas a dar autorização para o filho pródigo se comprometer com o Benfica.

O Natal já não estava longe, e Eusébio queria passar a quadra solene perto dos entes queridos. A viagem para Lisboa ficou marcada para depois da festa natalícia. Poucos dias depois, o alarme soa no Benfica, ao saber que o Sporting fazia diligências para desviar Eusébio. Surge então a decisão: o jogador deveria embarcar imediatamente. Tudo teria de decorrer sem falhas. Uma operação digna de filme secreto. Eusébio até teve nome de código: Ruth. No dia 15 de Dezembro de 1960, embarcava para Lisboa, rumo ao Benfica.

Após a chegada a Lisboa, um imbróglio administrativo retardou a estreia de Eusébio pelo Benfica. Uma novela que meteu altas instâncias do futebol nacional: o passe do jogador pertencia ao Sporting de Lourenço Marques… filial do Sporting… de Portugal. MP, FS, LC, Lusa – http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/sport/benfica/morreu-o-pantera-negra

CLIQUE NA FOTO ABAIXO PARA VER
A FOTOGALERIA DE EUSÉBIO

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